segunda-feira, 12 de março de 2012

Quadrafônico, o “baião psicodélico” de Alceu Valença e Geraldo Azevedo

Imagina um bar com música ao vivo em plena Recife no final dos anos 60. Um homem de cabelos longos e voz serena toca seu violão para o público, mostrando algumas de suas composições. Alguns descompromissados apenas bebem com seus amigos, destraídos com a música. Outros ficam no bar, pela música. Querendo sentir algo diferênte do que uma vitrola pode oferecer. Mas entre eles, existe uma pessoa especial. Um músico, também de cabelos longos, que assiste ao show até o final, como quem assiste a uma aula. Este é Alceu Valença, no momento em que conhece Geraldo Azevedo; aquele músico de voz suave tocando no bar. Esse encontro selaria uma amizade que gerou o album “Quadrafônico”. Esse disco foi o trabalho que norteou a carreira desses dois grandes músicos brasileiros.
           
           


 Gravado em 1972, Quadrafônico foi a primeira parceria de Alceu Valença e Geraldo Azevedo. O carater totalmente experimental transita pelo rock, passando pela musicalidade nordestina, mas sem perder a sutileza sonora. A primeira faixa (me dá um beijo), por exemplo, tem uma levada meio jazz, com uma sutileza de “nordeste” no desenrolar da música. Na música Virgem Virginia, um belo arpejo de violão inicia a música, seguido da voz suave de Azevedo. Mster Mistério mostra o lado mais psicodélico do disco. “Novena” tem uma levada de baião, com um belo coro feminino que lembra uma “reza”. “Planetário” – uma das músicas mais loucas que já escutei – em rítmo frenético, revela a voz “escandaloza” de Alceu. “Cordão do Rio Preto” vai da ciranda ao frevo, lembrando os carnavais pernambucano. Todas as músicas oferece um toque experimental com todos os recursos musicais que o nordeste e o mundo oferece. É raiz e cosmopolita! Uma obra genuína!

Para compreender mais a riqueza dessa obra, só escutando mesmo...